data-filename="retriever" style="width: 100%;">Para começar o ano pensei em quem realmente merece a admiração de todos e em especial a minha, pelo que fazem, como fazem, quando fazem, onde fazem e com que condições fazem. Quem seria esta pessoa ou estas pessoas? Quem estaria transformando o mundo em um lugar possível para novas gerações, quem estaria viabilizando mares e oceanos, quem estaria possibilitando a existência de água para beber, ar para respirar, quem faz muito com pouco ou quase nada e quase nada recebe sem o reconhecimento da imensa maioria da sociedade, mas mesmo assim continua. Quem?
Eles andam o dia inteiro, carregam o fruto do seu trabalho, separam, pegam, pedem e algumas vezes "roubam" uns dos outros na busca pela sobrevivência. Eles catam lixo, separam lixo e são fonte de renda e sobrevivência e matéria prima para muitas empresas de reciclagem e outros trabalham com o fruto do trabalho deles. Muitos não sabem a importância do que fazem para cidade, para o país e para o mundo. Sim, o mundo. Segundo a ambientalista Maria Odete Rigatto, do Instituto Salve o Planeta, o consumo diário de produtos industrializados é responsável pela contínua produção de lixo. Ela relata que a redução da produção de lixo é tarefa de longo prazo e vai exigir educação ambiental e mudança de processos produtivos, porém existem atitudes que cada um pode adotar para reduzir o volume de lixo em casa. Por exemplo, evitar comprar água em garrafa plástica, ir ao supermercado com ecobags, não adquirir pratos e copos descartáveis, escolher recipientes reaproveitáveis, abolir o uso de canudinhos, escolher fraldas de pano, limitar os alimentos em embalagens plásticas. São atitudes simples que irão impactar positivamente o meio ambiente.
E, por enquanto, isto não acontece e parece que poucos se preocupam e trabalham para isso acontecer. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), e obtido com exclusividade pelo jornal O Estado de S. Paulo: "a produção de lixo no Brasil tem avançado em ritmo mais rápido do que a infraestrutura para lidar de maneira adequada com esse resíduo". E eles separam este "lixo" e o tornam possível de ser reciclado, tirando de nossos rios, oceanos, da nossa terra, toneladas e mais toneladas de lixo. Enquanto nós, em nossas casas, mal conseguimos separar o lixo adequadamente, não conseguimos usar adequadamente os contêineres laranjas ou até mesmo entregar para os vários catadores que andam pela nossa cidade e conseguem dar uma finalidade para o lixo que produzimos ou descartamos.
Eles perambulam buscando sua sobrevivência numa sociedade cheia de desigualdades e muitas vezes incapaz de olhar para o lado. Separam e viabilizam muito do lixo que produzimos. Lembrando que pesquisando em algumas fontes da internet, a produção de lixo diária no Brasil varia entre 400 gramas a um quilo por pessoa. Numa sociedade que coloca à margem os que buscam soluções no dia a dia, como os catadores, talvez sem saber sua importância na viabilização da vida em nosso "amado planeta Terra", eu escrevo hoje, na primeira coluna do ano, este texto em homenagem e em resgate da importância que os papeleiros, ou se preferir, catadores, recicladores ou qualquer outra nomenclatura que possa ser usada. São eles que recebem minha admiração, meu muito obrigado, minha solidariedade. Eles vivem do lixo e o transformam em renda. E, como ganho "secundário", o benefício global do seu trabalho salva o planeta. Minha gratidão aos catadores de lixo.